segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Instintos "estúpidos"?

Sem perceber, já compartilhava minha casa com estranhos.
Tinha conhecido uma menina, parecia ter de 11 à 13 anos, os cabelos dela eram pretos e lisos e na maioria das vezes usava uma blusa lindamente estampada, um shortinho e um boné. Como se fosse uma funkera, mas não vulgar. Se chamava Charlene.
Além dela, tinha esse garoto que mora na rua de casa. Meio amorenado, no entanto, os traços pareciam um pouco leves e finos e a musculatura de quem joga futebol.
Eu sabia que em algum momento eles iam roubar. E por mais que minha mãe comentasse, eu os defendia.
Por que eles estão aqui na minha casa? Por estar. Parece ser comum onde eu moro.
E tava ciente que eles planejavam roubar mimha casa, viravamos rostos um pro outro para olharmos como não quer nada. Mas na minha cabeça só se passava que eram crianças sem nada e eu fui fingindo que não via nada.
Na maioria das vezes ficavamos os três atrás de casa. Eu, na rede, esperando chegar o fim da tarde para ir à faculdade, ele sentado no degrau do pátio encarando as cadelas e ela em pé, escorada num pilar, mexendo em um pente como se estivesse abrindo e fechando um canivete.
Na minha casa, alguns anos atrás eu só vivia no meu quarto, e isso me deu essa habilidade de quem entrou, quem tá andando, quem ta bebendo água, quem bate a porta, quem respirava, ouvindo de lá. Mas o mais sagrado é que porta se abre, e a minha, conheço institivamente.
Era ela se abrindo. Saí num pulo da rede, como uma emergência, não acreditando no meu instinto, mas era verdade. Ela saia no meio do meu cominho, mas ele estava lá.
- o que, mas? Não. - balançei a cabeça. - sério que tú ia fazer isso comigo cara? - e gritei, batendo forte na parede - ô, pai, tão querendo roubar.
Eu só falava pra ele "não foge, não foge" e ele parecia hesitante, até quando decidiu correr, mas um correr leve, como um amigo do colégio, não de um bandido concursado em bolt. E eu fui atrás dele gritando para ele parar de correr. Não tava interessado em correr atrás dele por que queria vê-lo preso, mas esse meu instinto de querer conversar e convencer por que eu sentia que ele não era como qualquer outro bandidinho do meu bairo. Mas sentia do fundo do meu coração que eu tinha que ajudar esse rapaz.
Ele se encolheu na frente da minha casa e eu tava chegando com um andar cauteloso de um homem que trabalha com animais selvagens assustados.
- cara, por que tú fez isso? A gente já brincou junto aqui na rua de casa. Olha, não faz isso, não corre, vai ser pior. - eu tava sendo sincero. Em algum momento ele pareceu acreditar em mim e estendi a mão enquanto ele vinha, puxei levemente pelo ombro e entramos pelo portão grande de casa.
Minha mãe tava lá, já com o celular para ligar para a mãe dele. Pareciamos policiais da FBI lado a lado daquele garoto enquanto pela longa garagem de casa, nos dirigiamos ao pátio de trás. Ela me forneceu um relatório sobre ele. Ele tinha medo da mãe por algum motivo. Eu franzi o cenho para isso. Nunca tive irmão mais novo. Mas não é a primeira vez que sinto essa sensação de proteção por outra pessoa.
Deixo ele sob os cuidados da minha mãe quando olho pela janela a garota. Charlene tava de banho tomado, um pijama e uma expressão de irônia no rosto. E além disso, uns machucados.
Imediatamete me dirigi ao pátio de trás e entrei pela porta da cozinha,entrando em casa e entrei no primeiro quarto. Queria saber mais disso. Um instinto exigente.
Fiz perguntas. Mas aquela garota tinha un jeito irônica de ser que parecia usar como muro pra defesa. Mas tudo me fez entender que meus pais tinham o dedo naquilo.
Eu não sabia se perdia a cabeça ou ficava confuso. Me levantei de imediato e ela achou que eu ia me dirigir à eles, quando se levantou preocupada com aquela toalha ao redor dos ombros.
Fomos para a cozinha, nas últimas cadeiras de frente pro espelho. O garoto estava próximo quando eu soube a verdade. Me levantei impaciente e incrédulo.
- Você bateu nela? - perguntei num tom alterado. E aquele garoto lá com a mesma cara de vulnerável, como se tivesse respostas para tudo. E meu instinto. Era de bater? Não. E eu me xingava por isso. Pois não sabia se tava sendo besta ou não em querer ajudar aquele garoto.
O assunto chegou em meus pais viram e não fizeram nada. Foi o que me deixou mais puto ainda. A garota que confirmou.
Fui para frente da porta da cozinha. De lá, era possível uma visão nítida dos meus pais com visitas, como se aquela situação preocupante não existisse.
E eu comecei a falar deliberadamente alto para eles escutarem.
- Quer dizer que isso acontece, meus pais veem e não fazem nada.
Repeti isso não sei quantas vezes.
- Olhá ela, uma criança. Não compreendem a noção disso?
Eles já estavam sentados nas cadeiras da cozinha e eu repetindo emputecido aquilo.
E ouço um absurdo vindo da senhora que tá certa o tempo todo e debochada Andréa.
- Não fiz nada mesmo. - E respondeu mais alguma coisa que me fez encarar com uma mistura de incredulidade, confusão e repulsa. E comecei um sermão ali, até mesmo voltando para o garoto algumas vezes, pois nada justificava ele ter batido na colega. Imaginei que ele tenha feito isso por ela não ter dado cobertura suficiente e logo depois que saiu do meu quarto, a agrediu e correu. Isso enquanto eu estava pasmo ao saber que ele ia me roubar e tava pra correr atrás dele.
Mas algo, mais um instinto maluco suscitava em mim. Era decisivo. Já que eu queria ser responsável por aquilo. E comecei a segurar no ombro dele e falar para ele o que ele não devia ter feito, olhando aquela mesma cara que eu via nele, quando via em um garoto que eu ia deixar roubar minha casa propositalmente se transformava em um resquício de comportamento descontrolado. E tava dando certo. E mobilizei como pude ele, enrolado em meu corpo. Eu sabia que qualquer vacilo, eu é que poderia ser agredido por ele. Então tentei mobilizar o quanto pude aquele corpo descontrolado.
E em meio a toda essa circunstância. O pensamento era ajuda-lo.
O levei para longe dali. Onde eu e ele podiamos resolver isso .
O levei para a sala de casa e quando me sentei com ele ainda mobilizado, ele tentou ser esperto usando os pés na parede. Mas dei uma volta inteira que fez o pés dele ficarem presos ali e eu garatir manter ele preso.
E o tempo se passou quase vertiginosamente. E corpo dele já estava calmo e ia perguntar isso mais uma vez para ele. Mas ele estava dormindo.
Quando o acordei. Ele se sentou no sofa e olhou meio atordoado para o chão. E quando me olhou com os olhos vermelhos e arrependidos, metralhou várias desculpas incessantemente. Eu pedi que ele se acalmasse e o conduzi à cozinha onde as duas ainda se encontravam. Cheguei ali com o propósito de mostrar à dona Andréa, a minha mãe, que aquilo era uma criança doente e que perdia o controle e precisava de ajuda.
Algo que eu estava disposto. Não só dele, como da garota.
e se ela me perguntasse o porquê.
Eu respondeira com todo orgulho:
Por que é isso que meu coração diz.

Três anos depois, virei pedagogo. Decidi alugar um apartamento e acolher Charlene e Marcelo. Ele me disse que esse era seu nome. E em sala de aula, tratava aquelas crianças bem, ao contrário do tratamente que elas recebiam em casa. E estava disposto a não desistir de cada um deles. Por que era disso que eles precisavam.

A importância do verbo to be

          Hoje iremos aprender um dos verbos ao mesmo tempo mais odiados e mais importantes. Não é de hoje que o to be se torna des...